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More than words.

More than words.

Another Life - 15

 

À medida que íamos caminhando pela rua, eu não conseguia parar de pensar naquilo que tinha feito ainda há apenas umas horas atrás. Tinha matado uma pessoa e aquilo continuava a atormentar-me como se tivesse acabado de acontecer. Será que sempre que eu agora fechasse os olhos veria sempre o mesmo? Não sei como iria suportar isso, sinceramente.

- Summer… - a voz do Callum na minha cabeça, fez-me sair daqueles pensamentos. O meu corpo ficou logo mais alerta, mas tentei continuar igual, para que o Cameron não se apercebesse de nada… estranho.

- Callum, onde é que vocês estão?

- Estámos no sítio do costume, eles não nos encontram aqui, está descansada. E tu? Onde é que estás para eu conseguir estar a falar para ti? – perguntou de forma rápida.

- Estou na rua… - disse apenas.

- Na rua!? Tu estás na rua e não foges, Summer? – conseguia entender que ele estava praticamente a gritar comigo.

- Eu não posso Cal… - suspirei baixinho.

- Não podes porquê?

- Ele ajudou-me, ele vai… muito provavelmente salvar-me de morrer daqui a umas horas…

- Ele? Ele quem?

- O Cameron… o rapaz que me raptou naquele dia.

- És burra? Eles querem apenas fazer-te mal, magoar-te e usar-te como se fosses lixo. E vais deixar-te ficar com eles quando tens uma oportunidade de fugir?

- Não dá Callum! Não posso começar aqui a correr no meio da rua, ele iria apanhar-me logo! Eu matei uma pessoa!

Aquela última frase ficou a pairar na minha mente e o silêncio por parte de Callum, fazia-me perceber o quanto ele tinha ficado chocado com aquilo.

- Eu vou conseguir fugir, mas não posso deixar que a culpa da minha fuga seja do Cameron. Ele anda a tentar ajudar-me… na medida em que o pode fazer e eu… sei lá, não consigo explicar, Callum. – suspirei uma vez mais.

- Estás a apaixonar-te pelo inimigo, Summer? – perguntou ele e logo os meus olhos se arregalaram.

- Não tem absolutamente nada a ver com isso. Apenas não posso fazer isto à única pessoa que está um bocado do meu lado no meio de todos aqueles nojentos.

Deixei de conseguir ouvir o que Callum me havia respondido e só nesse mesmo instante é que me apercebi que tínhamos acabado de chegar ao edifício da Sociedade. Quando Cameron abriu a porta, entrei lá dentro e respirei fundo.

Começamos a andar pelos corredores, e sentia o me coração bater cada vez com mais força à medida que nos aproximávamos do escritório de Graham. Alguém já tinha dito a Cameron que ele estava à nossa espera e o facto de saber aquilo, dava-me vontade de vomitar. E se ele descobrisse que eu tinha matado um dos homens dele? Ele não hesitaria em enfiar uma bala dentro da minha cabeça. Eu estaria morta num piscar de olhos. Ele não quereria mais saber de mim para as suas experiências. Iria apenas tentar encontrar outra pessoa como eu, provavelmente um dos meus amigos e ia continuar o seu trabalho como se eu nunca tivesse existido.

- Cameron. – aquela voz grossa de Graham fez-me despertar daqueles pensamentos assim que entrámos no seu escritório. Cerrei os punhos, tentando esconder as minhas mãos por baixo das mangas do casaco de Cameron que eu tinha vestido. Tinha medo que ele visse ainda algum vestígio de sangue nas mesmas, uma marca que denunciasse aquilo que eu tinha feito.

Foquei o meu olhar, vazio, nos olhos escuros dele e respirei fundo.

 

Aqui está mais um capítulo, e como esta história tem 30 capítulos, está agora a meio. Ainda têm bastante para ler e muitas coisas vão ainda acontecer. Espero que gostem! Beijinhos e até quarta.

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