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More than words.

More than words.

Fragile - 24 |cala-te!

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Depois de sairmos daquela festa, mantive-me o tempo toda calada enquanto um táxi nos levava até casa. Victoria tentou várias vezes que eu lhe contasse o que se tinha passado, mas eu limitava-me a fazer de conta que não estava a ouvi-la. Só queria que aquele James desaparecesse da minha vida, e foi por isso que passei a manhã da segunda-feira seguinte a evitar cruzar-me com ele na escola e nas aulas. Era um pouco difícil nas aulas que tínhamos em conjunto, mas pela primeira vez desde que eu tinha vindo para cá, James teve a decência de se sentar em lugares afastados de mim.

Na hora de almoço foi impossível fugir visto que como habitual, eu e Victoria sentávamo-nos na mesma mesa com James e Edwin. Aquela mesa só não estava no mais completo silêncio devido às conversas de Vic com Edwin, porque eu e James apenas nos limitávamos a manter a boca calada enquanto íamos comendo aquela comida nojenta.

- O que aconteceu naquela festa para vocês estarem assim um com o outro? – perguntou Victoria de repente, enquanto olhava de forma alternada para mim e para James. Suspirei de forma pouco audível e passei os meus dedos pelos meus cabelos cor-de-rosa.

- Nada. – respondemos ao mesmo tempo.

- Alguma coisa foi, de certeza. – foi Edwin quem falou desta vez. – Nem implicam um com o outro sequer. Vá, contem. O que é que o James fez desta vez? – ele perguntou-me.

- O James? Porque é que tem de ser sempre o James? – perguntou ele, irritado, por o amigo ter dito aquilo.

- Talvez porque és mesmo sempre tu. – falei de forma calma e logo depois os seus olhos focaram-se em mim.

- Cala-te estúpida. Não te faças de vítima. – protestou.

- Vítima? Tu é que fazes as merdas e depois queres o quê?

- Tu é que ficaste toda amuada e passada por uma coisinha de nada. – os seus olhos continuavam fixos em mim, assim como os meus que estavam focados nele.

- Não foi uma coisinha de nada. – resmunguei.

- Acalmem-se. – pediu Victoria com um pequeno suspiro.

- Calma nada. Ela é que é idiota e não sabe levar as coisas na brincadeira, só por eu dizer que…

- Cala-te! – interrompi-o antes que ele fosse repetir de novo as coisas que me tinha dito, dispensava que todos ficassem a saber, sinceramente. – Cala essa boca antes que eu conte o teu segredinho a toda a escola!

Sabia que aquilo seria a gota de água, e sabia também que não devia ter dito aquelas palavras, mas juro que não consegui evitar.

- Segredo? – perguntaram Victoria e Edwin ao mesmo tempo.

- A vossa relação vai assim tão avançada para já partilharem segredos?

Respirei fundo, ignorando o que eles estavam a dizer. James levantou-se rapidamente, arrastando a cadeira para trás. Pegou no seu tabuleiro, virou costas e depois de pousar o tabuleiro no seu devido lugar, abandonou o refeitório, deixando depois os outros dois a olhar para mim, como se esperassem que eu dissesse algo.

- O que foi? Parem de ser cuscos. – protestei irritada e baixei de seguida o olhar, continuando a remexer na comida, de forma bastante silenciosa.

Eles decidiram manter-se calados, pois já tinham percebido que eu não ia dizer nada. E da maneira que me encontrava irritada, se falasse, era para me chatear ainda mais. James tinha-me tirado a paciência seriamente e duvidava que alguma vez fosse voltar a falar para ele. Ele não tinha nada que falar sobre a minha vida, como se soubesse todas as coisas da mesma. Ele podia conhecer uma parte de mim, aquela parte que eu mostrava a toda a hora, aquela parte de mim que eu deixava os outros conhecerem. Mas a verdadeira Ruby ele não conhecia. Nem ele nem ninguém. Eu sei que tinha exagerado ao referir o segredo dele, mas era a única maneira de o fazer calar-se e naquele momento era tudo o que eu queria.

Quando me fartei de remexer naquela comida, levantei-me e sem nada dizer deixei aqueles dois ali sozinhos. Não estava uma boa companhia e apenas queria estar sozinha, sem ninguém a perguntar-me isto ou aquilo.

Sentei-me num dos bancos que havia num dos muitos corredores, e recolhi as minhas pernas, colocando-as também em cima do banco. Peguei no meu telemóvel e como não sabia o que mais fazer, abri a câmara fotográfica e pus-me a tirar fotografias ao acaso. De forma disfarçada claro, caso contrário ainda iria ser agredida por alguém. Suspirei quando ao fim de uns minutos James surgiu no meu campo de visão, acabando por aparecer numa das muitas fotografias que eu estava a tirar. Os nossos olhares cruzaram-se por uns momentos, no entanto, o silêncio manteve-se, pois ambos nos limitamos a ignorar-nos.

Levantei-me depois, quando soou o toque estridente da campainha e arrastei-me até à aula seguinte, desejando mentalmente que o tempo passasse depressa, pois só queria poder ir embora dali.

 

Espero que tenham gostado do capítulo!

Beijinhos

 

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