- O que é que se passa? – perguntei confusa a Victoria, quando começamos a ouvir gritos vindos da parte exterior da escola. Muitas pessoas corriam nessa direcção mas nós as duas, parecia que tínhamos os pés colados ao chão. Acabei por ser eu a quebrar isso, quando segurei o braço de Victoria e comecei a puxá-la comigo para o exterior daquele edifício.

A cena que se estava a desenrolar à nossa frente, era tudo menos agradável. James e um rapaz que eu não conhecia, estavam agarrados um ao outro, desferindo socos por tudo quanto era lado, enquanto gritavam palavras que eu não conseguia perceber.

Já não falava com James desde o que se tinha passado no refeitório, e já se tinham passado dois dias desde que isso aconteceu.

Os dois rapazes batiam um no outro, e apesar de me encontrar a alguma distância, conseguia ver que os seus rostos já não estavam no seu melhor estado, James tinha sangue a correr pelo seu rosto assim como algum presente nos seus lábios.

- Mas ninguém os separa? – perguntei, confusa e com o olhar decidi procurar Edwin. Apercebi-me rapidamente de que ele não estava por ali, caso contrário já tinha ido ajudar o amigo. – Edwin! – gritei assim que finalmente ele apareceu, também confuso, pois ainda não tinha percebido o que se estava a passar. – Vai ajudá-lo. – falei rapidamente e ele apenas se limitou a aproximar-se dos dois.

Depois de Ed gritar algo, logo um rapaz veio também ajudá-lo, ambos puxaram os outros dois rapazes, que estavam ainda pegados e afastaram-nos para bem longe um do outro. Apesar de todas as tentativas deles de se voltarem a soquear, não conseguiam. As pessoas começaram a afastar-se, pois a parte mais interessante daquilo tudo já tinha terminado, e apenas alguns curiosos se mantinham ali, talvez com a esperança vã de que a luta continuasse. Idiotas.

Encurtei a distância que nos separava deles e ouvi Edwin a protestar, para que James parasse de dizer palavrões dirigidos ao outro rapaz.

- Ruby, leva o James para algum lado e trata-lhe da cara. – falou o rapaz loiro, melhor amigo de James. Eu olhei para ele, preparando-me para protestar, mas achei que não seria correto, devido ao estado em que James estava naquele momento. Talvez pudesse deixar por momentos de lado o facto de não nos falarmos.

Como as coisas estavam já mais calmas, segurei o braço dele e comecei a arrastá-lo comigo para o interior do enorme edifício. As pessoas olhavam para James como se estivessem a ver um fantasma, e a verdade é que talvez não estivesse muito longe disso. O seu rosto estava todo magoado, repleto de marcas e de sangue que começava em alguns locais a ficar mais seco.

Encaminhei-me para a casa de banho, e depois de encostar James contra um dos lavatórios olhei para ele, com uma expressão séria.

- Eu vou buscar algo para te tratar da cara, por isso fica aqui, ouviste? – perguntei. – Ai de ti que vás a algum lado. Juro que te ponho a cara pior do que já está. – falei de forma bastante séria e de seguida abandonei a casa de banho, fechando a porta atrás de mim.

Segui pelo corredor até à enfermaria, enquanto mentalmente pensava numa desculpa para dar à enfermeira, não queria dizer-lhe o que se tinha passado realmente, pois isso só traria problemas. Sorri quando me apercebi de que afinal não tinha de me preocupar com isso, aquela pequena sala encontrava-se vazia naquele momento. Adentrei na mesma, e de forma rápida peguei em algumas coisas que eram necessárias para tratar de feridas e assim. Eu não estava a roubar, estava apenas a fazer algo que serviria para ajudar uma outra pessoa, e ninguém me poderia julgar por isso. Além disso, ninguém iria dar falta daquelas coisas, visto que haviam por ali em grande quantidade.

Voltei rapidamente à casa de banho, satisfeita por ver que James ainda lá estava na mesma posição em que eu o havia deixado. Até me passava se ele tivesse ido embora antes de eu ter tempo de voltar.

Aproximei-me dele e pousei as coisas num cantinho do lavatório, peguei num bocado de algodão, embebedando o mesmo em água oxigenada, olhei o rosto do James e comecei a passar o mesmo pela sua pele. Ele fez uma careta e protestou. Mas de nada lhe servia, precisava mesmo de limpar o seu rosto, repleto de hematomas e de sangue espalhado por todos os lados. Não sei como tinha começado aquela luta, mas eles tinham conseguido aproveitar bastante bem a mesma antes de Edwin surgir e os separar. Creio que se o amigo de James não tivesse aparecido, ninguém se tinha dado ao trabalhar de acabar com aquilo. Claro que eu podia tentar, mas corria o risco de levar também.

- O que se passou para se pegarem um com o outro? – perguntei, curiosa.

- Nada. – foi apenas a sua resposta, eu suspirei e revirei os meus olhos.

- Devias evitar meter-te em confusões por coisas de nada. – decidi dizer enquanto o algodão ia passando pelo seu rosto e o branco do mesmo ia-se tornando aos poucos num tom avermelhado, devido ao sangue.

James não disse nada, como resposta ao que eu tinha dito, parecia mesmo estar determinado a não me contar o que se tinha passado para aquela confusão toda. Devia ter sido algo que o tivesse irritado mesmo, pois duvidava que James começasse uma luta se não tivesse um motivo suficientemente bom para tal.

Aqui está mais um capítulo, com uma "luta" à mistura. E pronto, eles estão a falar, de novo, veremos o que por aí vem. Qual acham ter sido o motivo desta luta? Espero que tenham gostado do capítulo E o próximo capítulo será do ponto de vista do James! Todo o capítulo, é o único que será dessa forma e estou ansiosa de o publicar, porque será uma maneira de vocês verem a prespectiva dele no meio disto tudo e em relação à Ruby!

Beijinhos