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More than words.

More than words.

Fragile - 29|não

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A sala de estar era igualmente enorme, com uma escadaria que lhe dava acesso, juntando assim dois dos andares daquela casa. Acho que me perderia ali dentro se ficasse sozinha.

O meu pai e Theresa já estavam na conversa, e creio que até se tinham esquecido de que eu estava ali com eles. Voltei a minha atenção em volta, apreciando todos os pequenos objectos que se encontravam espalhados pelos mais variados móveis.

- Oh, finalmente apareceste. – falou Theresa, para alguém que estava naquele momento a descer as escadas. Conseguia ouvir o ligeiro barulho dos seus passos à medida que se aproximava de nós. – Quero que conheças o meu filho, Ruby.

Virei-me na direcção das escadas, ao ouvir o que Theresa havia dito e o meu olhar prendeu-se no rapaz que se encontrava agora ao fundo da escadaria.

Não.

Não.

Não.

Não pode ser! Digam-me que morri e estou prestes a entrar no inferno!

Sentia realmente a minha cara ficar mais quente do que o normal, uma prova de que talvez estivesse mesmo a entrar no inferno. James estava à minha frente, com um olhar tão estranho quanto o meu deveria de estar.

- Vocês conhecem-se? – perguntou a mãe dele, quando percebeu, talvez pelos nossos olhares, que não eramos uns completos desconhecidos que nunca na vida se tinham visto.

- Talvez andem na mesma escola… - comentou o meu pai, quando nós os dois continuamos em silêncio, apenas a olhar um para o outro.

- Oh vocês são amigos? – Theresa perguntou, num tom de voz bastante animado.

Amigos? Amigos? Alguma vez eu seria amiga dele?

- Sim, nós somos amigos! – exclamou James, quando finalmente voltou à vida. Acabou com a distância que nos separava e envolveu a minha cintura com os seus braços, depositando beijos nas minhas bochechas. – Já tinha saudades de te ver, Ruby. – ele falou com um sorriso enorme e piscou o olho na minha direcção, largando de seguida o meu corpo.

Eu não acredito que ele ia fingir que eramos amigos. Estava cheia de vontade de o matar, a ele e ao meu pai, que não me tinha contado aquele pormenor que fazia toda a diferença. Nunca me tinha passado pela cabeça que Theresa tinha um filho, e muito menos que esse filho era James. E ele tinha-me dito que os seus pais estavam juntos! Mentiroso. A minha vida estava acabada.

Acabei por forçar um sorriso e segui os três até aos sofás, acabando por deixar cair o meu corpo num deles. Se pudesse, juro que abria um buraco ali mesmo no chão e enfiava-me lá dentro. Estava a ferver de raiva neste preciso momento.

As conversas entre os nossos pais passavam-me completamente ao lado, eu limitava-me a manter o olhar baixo enquanto brincava de forma distraída com os meus dedos.

- James, porque não vais mostrar a casa à Ruby? – perguntou Theresa de repente, fazendo-me assim levantar o olhar. Desejei ouvir um não vindo da parte dele, mas como é óbvio isso não aconteceu.

- Claro. – ele sorria, estava sempre a sorrir daquela maneira estúpida, no entanto, esse sorriso desapareceu quando ambos ficamos sozinhos num dos corredores. Apercebi-me nesse momento de que talvez James não estivesse assim tão animado com aquela situação como me tinha parecido. – Não acredito nisto. – ele falou, com um longo suspiro a sair por entre os seus lábios.

- Posso dizer o mesmo. – resmunguei enquanto olhava para as paredes daquele longo corredor. Aquela casa era enorme e eu já tinha estado ali na festa. Não acredito que nem me apercebi de que conhecia aquela casa, quer dizer, no dia da festa era um bocado difícil, visto esta estar repleta de pessoas, estar ligeiramente escuro lá dentro e além disso eu costumo ser um pouco distraída, por isso, facilmente as coisas me passam ao lado. – Quando o meu pai me disse que tinha uma namorada, eu fiquei realmente entusiasmada e contente por ele, mas agora já não tenho a certeza disso. – acabei por dizer algum tempo depois.

- Eu sabia que ele tinha uma filha, só não fazia ideia de que eras tu. – James encolheu os ombros e os nossos olhares cruzaram-se. – E eu estava mesmo entusiasmado, porque bem… tinha uma filha. – aquele seu comentário fez-me revirar os olhos e comecei a andar pelo corredor.

- Não me vais mostrar a casa? – perguntei.

James deu uma gargalhada mesmo antes de começar a andar atrás de mim.

- E ainda estou para perceber porque disseste que eramos amigos. – falei num pequeno resmungo, à medida que ia avançando pelos corredores. Ele devia estar a mostrar-me a casa, mas nós simplesmente estávamos a andar por ali.

- Porque assim eles ficam mais contentes. – ele encolheu os ombros e fez uma cara ligeiramente confusa. – Iam ficar tristes se soubessem que os seus filhos não se dão assim tão bem quanto isso. – acrescentou em modo de explicação.

- E achas que eles não vão perceber? É que por mais que tente, eu não consigo falar normalmente contigo, nem agir como se gostasse muito de ti. – protestei enquanto afastava para o lado alguns dos fios dos meus cabelos que teimavam em cair para a frente dos meus olhos.

- A sério Ruby? Quando me beijas consegues mesmo fazer parecer que até gostas muito de mim.

Os meus olhos semicerram-se devido ao que James tinha acabado de dizer. – Eu não acredito que disseste isso. – resmunguei com uma cara séria. – E eu nunca te beijo! Tu é que me beijas a mim, oh idiota.

- Não sejas mentirosa, Ruby. – ele piscou-me o olho e depois continuou a avançar pelo corredor, deixando-me furiosa e com uma vontade enorme de o matar.

 

Algumas pessoas já andavam a desconfiar disto ahah! Mas outras penso que não. Bem, espero que tenham gostado e posso dizer que agora as coisas mudam um pouco!

Beijinhos

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