Hopeless (4)
Capítulo 4
Lexie White
“Alguns infinitos são maiores que outros.”
Lexie acabou por revirar os olhos ao que Landon dizia, ele nunca aceitava nada do que ela dizia e isso por vezes deixava-a deveras irritada. Será que ele tinha sempre de ser assim? Ela só tentava ajudá-lo como fazia sempre com toda a gente.
Era por gostar de ajudar as pessoas que Lexie tinha lutado desde sempre pelo seu sonho de ser médica. Tinha acabado o curso à pouco tempo e daqui a uns tempos quando o seu estágio terminasse ela podia dizer que o seu sonho se tinha realizado. Trabalhar naquele hospital era tudo para ela e saber que conseguia ajudar as pessoas deixava-a a pessoa mais feliz e realizada de sempre.
Tinha conhecido Landon por acaso, mas desde que soube a sua história que ficou cativada por aquele rapaz frio e um pouco arrogante. Sabia que ele precisava de ajuda e tinha-se disponibilizado para ajudá-lo. Não sabia como mas ele tinha aceitado ao fim de pouco tempo.
- Um dia vais dar-me razão Landon. – ela disse.
- Não vou nada. – Landon bufou e revirou os olhos. – Nunca me vou apaixonar. Nunca nunca.
- Nunca digas nunca. – ela piscou-lhe o olho tentando não se rir pois sabia que isso só iria deixá-lo mais irritado. Não é que isso lhe importasse, mas mesmo assim.
- Sim Lexie, diz lá tudo o que quiseres. Não quero saber, eu é que sei da minha vida não és tu. – encolheu os ombros. – E será que podemos mudar de assunto?
- Mudar de assunto? – ela não evitou rir-se levemente. – Foste tu quem começou com este género de assunto, não fui eu. – retorquiu.
- Pois, sou sempre eu. – ele revirou os olhos. – Podemos pelo menos parar de falar de mim?
- Não Landon. – suspirou. – Eu sou a médica e tu és o paciente. Logo é suposto falarmos de ti e não de mim. – afirmou abanando a cabeça.
O rapaz revirou os olhos mais umas quantas vezes mas Lexie acabou por ignorar isso. Começou a puxar assunto de novo e acabaram por ficar a falar mais algum tempo. Claro que na hora da consulta acabar Landon nem esperou mais tempo nenhum e depois de sair do gabinete de Lexie foi-se embora. Esta abanou a cabeça, ele não tinha mesmo emenda.
Depois de ir aos quartos do hospital ver alguns dos seus pacientes que ali estavam internados, Lexie olhou para o relógio verificando que o seu turno de trabalho para aquele dia já tinha chegado ao fim. Ela nem dava pelo tempo passar. Passou pelo seu gabinete onde arrumou as suas coisas e depois saiu para o exterior do hospital.
Assim que saiu do hospital, Lexie conduziu para sua casa. Transpôs os portões estacionando o carro e pegando na sua mala entrou dentro de casa.
- Como é que ela está? - perguntou de imediato à mãe que estava a passar pela sala.
- Já está melhor. Acabou de adormecer e a febre baixou um pouco. - esboçou um leve sorriso meio triste para Lexie e esta suspirou.
Agnes, a filha de Lexie, de apenas dois anos, estava doente já à alguns dias. Aquilo podia apenas ser uma febre como tantas outras que já havia tido, no entanto estava a durar mais tempo do que o normal. Lexie já a tinha levado ao hospital mas os resultados não tinham dado em nada o que fez toda a gente concluir que era apenas uma gripe. Agora tinham apenas de esperar que ela melhorasse e cuidar dela.
Lexie subiu as escadas que levavam ao quarto da filha e abriu a porta silenciosamente para não a acordar. Suspirou assim que a viu e aproximou-se da cama sentando-se na beira da mesma. O rosto de Agnes estava tão diferente do que ela era habitualmente, as suas feições estavam mais tristes e marcadas pelo cansaço, a sua pela estava demasiado sem cor e as suas bochechas outrora rosadas estavam agora mais brancas.
Lexie suspirou de novo, durante o tempo todo em que tinha estado grávida tinha desejado não estar. Não queria ter uma filha com aquela idade, era demasiado nova para isso para além de que ia ser uma criança que iria viver sem o pai. O pai era um erro e Lexie nunca o deveria ter conhecido, logo, pretendia que Agnes nunca o conhecesse. Não precisaria dele para nada, nunca lhe faltaria nada e a mãe de Lexie tinha-se disponibilizado desde sempre para ajudá-la a cuidar da filha. Por vezes Lexie achava que a sua mãe é que era a verdadeira mãe de Agnes e não ela. Infelizmente, o trabalho no hospital ocupava-lhe bastante tempo e por isso Lexie via-se com pouco tempo para estar ao lado da filha. Mas sempre que conseguia era ao lado dela que estava. Olhando agora para Agnes, ao fim de dois anos de ela ter nascido, Lexie via que ela era um presente que lhe tinha caído do céu e já não imaginava a sua vida sem aquela menina morena de olhos claros. Era tudo para ela e Lexie sabia que faria tudo, mas mesmo tudo, para ver a filha bem.
Passou os dedos levemente pelo rosto de Agnes e parou-os na sua testa constatando que já não estava tão quente como estava de manhã antes de sair para o hospital. Talvez aquela febre estivesse a ir embora, Lexie desejava tanto que isso acontecesse. Já tinha saudades de ver Agnes a correr pela casa e a falar repetindo o nome de Lexie vezes e vezes sem conta.
Baixou-se até encostar a sua boca à testa da filha e beijou a mesma, olhou-a uma última vez e depois saiu do quarto. A menina precisava de descansar bastante e agora que estava a dormir, Lexie não estava a fazer nada lá no quarto.
Foi ter com a mãe e ficaram a conversar durante algum tempo sobre como Agnes tinha passado o dia e depois disso Lexie foi tratar de algumas coisas do hospital. Detestava trazer trabalho para casa, mas como Agnes estava doente aproveitava o tempo em que a filha estava a dormir ou a descansar para fazer algumas coisas.
Olhou para o telemóvel depois de o ter deixado esquecido no bolso do casaco e revirou os olhos ao ver que tinha uma mensagem de Landon. Mas será que ele não entendia à primeira as coisas que ela dizia? Quantas vezes teria de lhe dizer que não iria sair com ele? É que nem era só o facto de ele ser seu paciente, mas o rapaz não fazia nada o género dela. Era demasiado player e rebelde e Lexie nunca iria querer ter algo com um rapaz assim. Decidiu ignorar a mensagem e pôr de novo o telemóvel de parte.
Desde que Agnes tinha nascido a vida de Lexie resumia-se praticamente a cuidar da filha e a trabalhar. Ela gostava de ter algo novo na sua vida mas parecia que a oportunidade nunca surgia. Será que alguma vez as coisas iam ser diferentes? A rapariga não sabia, mas torcia sempre para que sim.