I want you - 1
Fui pegar nas minhas malas, assim que por fim cheguei à Austrália. Meu deus, que saudades que eu tinha de aqui estar, parecia até que o ar que estava a respirar era diferente, era tudo mais leve e sentia-me muito melhor. Já para não falar no facto de o frio ter desaparecido e ter sido substituído pelo calor. O sol já era visível no exterior do aeroporto e estava desejosa de pôr os pés lá fora e de matar saudades de tudo aquilo que tinha deixado à seis meses atrás.
Assim que as minhas malas estavam todas comigo, comecei a olhar em volta à procura da Rose, tínhamos combinado que seria ela quem me vinha buscar. A minha tia ia estar a trabalhar às horas a que eu chegava e como tal, a Rose tinha-se oferecido para me vir buscar com a mãe. Os meus olhos arregalaram-se ligeiramente quando por fim a vi, e ela me viu a mim também. De imediato, a Rose começou a correr na minha direcção e assim que a consegui alcançar os meus braços foram de imediato abraçar o seu corpo. Ela abraçou-me com muita força e eu fiz o mesmo, que saudades que eu tinha, e só agora que estava ali com ela é que me apercebia realmente de todas as saudades que tinha. Afinal já se tinham passado seis meses, seis meses em que não a tinha visto.
- Tinha tantas saudades tuas! – a voz da minha melhor amiga interrompeu os meus pensamentos e por fim separamos aquele abraço.
- E eu tuas, nem imaginas quantas. – retorqui olhando para ela, estava exactamente a mesma Rose desde a última vez que a tinha visto. Os seus cabelos estavam no mesmo tom escuro e apenas um pouco mais longos que da última vez que a tinha visto. Ela continuava também elegante como sempre tinha sido.
Ela agarrou na minha mão e sorriu muito. – Tens muitas coisas para contar, quero saber tudo, depois. – ela mordeu o lábio. – Mas primeiro vamos para casa.
- E eu quero contar tudo, apesar de que foi uma bela seca. – revirei os olhos mais para mim do que para ela, o que a fez rir-se.
Por fim, reparei na mãe da Rose, uma pessoa de quem eu gostava bastante também, passava muito tempo na casa da Rose e por isso, conhecia bem a mãe dela. Afinal, tratava-me como se eu também fosse filha dela. Cumprimentei-a e depois elas as duas ajudaram-me a pegar nas minhas malas, visto que ainda eram bastantes. Sorri quando por fim fomos para o exterior do aeroporto, aquele calor todo que já se fazia sentir, apesar de ainda ser cedo, fazia-me logo sentir mais feliz.
Colocamos as malas todas no porta-bagagens do carro e a viagem até à casa da minha tia correu com toda a normalidade e cheia de conversas banais e sem muito interesse. Apenas queríamos matar as saudades e recuperar todo o tempo que entretanto se tinha passado. Assim que chegámos à casa da minha tia, fui buscar a chave, que ela tinha deixado escondida para mim por ali algures, e de seguida, fomos colocar as malas dentro de casa. Mais tarde arrumaria tudo, pois agora apenas queria sair e ver todas as coisas. Tinha tantas saudades.
- Bem meninas, fiquem bem e qualquer coisa passem lá em casa. – disse a mãe da Rose despedindo-se depois de nós. A casa da Rose ficava a apenas duas casas da casa da minha tia e um pouco mais abaixo tínhamos a praia.
A Rose sorriu assim que ficámos sozinhas e começou a puxar-me para fora de casa.
- Calma Rose. – ri-me por ela estar toda apressada.
- Calma nada. – disse ela. – Anda, vamos à praia ter com o Dave, ele está lá e está cheio de saudades tuas também. – retorquiu. – Apesar de ainda ser cedo ele já está na praia a fazer surf, ainda não se fartou disso…
A Rose foi falando mas eu simplesmente parei de a ouvir assim que ela falou no nome do Dave… O Dave… ele estava ali na praia já tão perto. Foi simplesmente inevitável impedir o meu coração de começar a bater mais depressa a partir daquele momento.
- Morgan? – ouvi a voz da Rose e tentei concentrar-me nela e não nos meus pensamentos.
- Hm? Desculpa… - pedi fazendo uma cara confusa e mordi o lábio.
Ela olhou-me meio confusa mas depois acabou por abanar a cabeça e não dar importância, o que me fez deixar escapar um pequeno suspiro de alívio.
Deixei que ela me continuasse a puxar para a rua, e de seguida começamos a descer a mesma em direcção à praia, olhei em volta, entretanto, sorrindo ao ver que todas as coisas continuavam iguais. Era mesmo bom estar de volta ali, era onde me sentia bem e onde me sentia realmente em casa.
Cerca de uns dois minutos depois, chegámos por fim à praia, já estavam por lá algumas pessoas, mas não muitas ainda. Sorri assim que senti os meus pés na areia, apesar de estar calçada e a Rose continuou a puxar-me.
- Ele está ali. – disse ela apontando em frente ao sítio onde nos encontrávamos. O Dave estava perto da água, virado de costas para nós e com a prancha ao seu lado. – Dave! – Rose chamou alto de maneira a que ele a pudesse ouvir e logo depois ele virou-se de frente para nós.
Juro que o meu coração parou naquele momento, quando o rosto do Dave de imediato se virou na minha direcção. Larguei a mão de Rose e comecei a andar na direcção dele sem desviar nunca os meus olhos da sua figura, como se tivesse medo que ele fosse desaparecer dali se eu o perdesse de vista por um bocado que fosse. Assim que cheguei o suficiente perto dele, saltei para o seu colo e abracei-o com toda a força que tinha. De imediato o seu cheiro entranhou-se no meu nariz, cheirava a praia, a verão, a saudades, e a tudo aquilo de que eu sentia falta. Senti os seus braços rodearem o meu corpo e fechei os olhos aproveitando aquele bocado. Separei um pouco o abraço ao fim de algum tempo para poder olhar para ele e, naquele momento a minha maior vontade era de beijá-lo. Mas já não podia… ele já não era meu namorado e pior que isso, ele era namorado da Rose. Não podia mais beijá-lo nem dizer-lhe o quanto o amava. Ao contrário do que eu pensava, os meus sentimentos por ele não se tinham desvanecido, muito pelo contrário, este tempo todo longe dele só tinha feito com que eu passasse a gostar ainda mais dele. E isso não era nada bom…
- Estava cheio de saudades tuas… - murmurou ele, com os seus olhos azuis fixos nos meus. Aquela voz dele… tinha tantas saudades de o ouvir falar. Tinha saudades de tudo o que tinha a ver com ele.
Engoli em seco e sai do seu colo, afastando-me ligeiramente. – Eu também… - sussurrei e olhei para o lado quando a Rose veio ter connosco.
- Finalmente estamos os três juntos de novo. – ela sorriu muito animada e abraçou-se aos dois fazendo com que eu e o Dave nos abraçássemos de novo.
Como é que eu ia aguentar isto?