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More than words.

More than words.

Recovery - 09

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Valerie arrastava os seus pés ao longo dos corredores daquele edifício. A sua vontade de ter uma consulta com o psicólogo, era completamente nula, e ela apenas desejava poder ficar fechada no seu quarto, apenas na sua própria companhia. Não queria falar com ninguém, nem queria voltar a ouvir mais ninguém a falar-lhe do quanto ela estava errada em querer acabar com a sua vida. Parecia que ninguém entendia, que não eram meras palavras que a iam fazer mudar de ideias.

Elevou a sua mão, até esta bater na porta branca que se encontrava agora à sua frente. Ouviu uma voz a proferir um sim e de seguida ela rodou a maçaneta, abriu a porta e os seus olhos logo se depararam com o homem sorridente que estava por detrás de uma secretária.

- Deves ser a Valerie. – ele disse, depois de ela se sentar numa das cadeiras livres.

- Sim. – a rapariga disse, com um longo suspiro a querer abandonar os seus lábios. Uniu as suas mãos no colo e mexeu os dedos, de forma desconfortável e um tanto nervosa.

Aquele homem logo começou a falar com ela, fazendo-lhe perguntas pelo meio, deixando-a bastante desgostosa e a desejar cada vez mais poder sair de dentro daquela divisão. Queria poder ir lá para fora novamente. Talvez se depois falasse com Ashton, ele a levasse até lá de novo. Para assim poder respirar, uma vez mais, aquele ar puro, do qual ela já tinha imensas saudades. No entanto, tudo isso implicava ela falar com aquele rapaz, e isso implicava ficarem mais próximos, conviverem mais um com o outro, falarem mais. E ela não queria, ou melhor, não podia deixar que essas coisas acontecessem. Tinha de se manter afastada daquele rapaz de cabelos claros.

A rapariga olhou para o relógio que se encontrava na parede branca atrás daquele homem. Suspirou longamente. Será que nestes momentos o tempo decidia parar?

 

“14 de Agosto, 2014

Tenho saudades de quando ainda eramos duas crianças inocentes. Saudades de quando passávamos os dias inteiros por entre brinquedos, criando mundos de fantasia onde tudo era perfeito. Onde existiam príncipes e princesas. Onde as pessoas apenas sabiam sorrir. Onde não existiam pessoas más, capazes de destruir um sorriso com meras palavras. Tenho saudades daquele mundo que criávamos, onde acidentes não aconteciam e as pessoas, nunca morriam.”

 

Alguns dia depois…

 

Valerie deixou que os seus olhos se fechassem levemente, estava cheia de sono, e não ter absolutamente nada para fazer, deixava-a ainda com mais sono. Esta era uma das desvantagens de estar neste lugar, nunca havia nada para fazer. Apenas se podia ficar a olhar para o tempo a passar, desejando que este passasse rápido, até ao dia em que se podia, finalmente, sair daquele lugar. Valerie suspirou, talvez quando os seus pais decidissem vir visitá-la, ela lhes pudesse pedir para trazerem alguns livros para ela ler. Talvez alguns do Nicholas Sparks, para ela poder chorar como se não houvesse amanhã, tendo assim um motivo credível para as lágrimas que ela queria derramar sem ninguém a questionar do porquê delas.

 

Ashton observou de forma atenta o rosto sereno de Valerie. A rapariga estava sentada num dos sofás da sala de convívio, os seus olhos estavam fechados, parecia que ela estava a dormir. Estava demasiado sossegada, ao contrário do que era costume de todas as vezes que eles se encontravam. Olhando para as mãos dela, viu um pequeno objecto, do género de um caderno, por entre as suas mãos. Estava ligeiramente entreaberto, e, não resistindo à curiosidade que sempre tomava conta dele, o rapaz aproximou-se mais dela. Com todo o cuidado para não acordar a rapariga, ele tirou das suas mãos aquele objecto. Juntou as sobrancelhas e focou o seu olhar, nas páginas agora abertas.

 

“30 de Agosto, 2014

Voltei a cortar-me. Não consigo parar de o fazer. O sangue vermelho é tudo o que surge no meu campo de visão naqueles momentos. Lembraste quando eu ficava toda enjoada só de ver sangue? Quando alguma de nós caía, nos magoávamos nos joelhos e estes ficavam cheios de sangue? Ainda me arrepio de cada vez que penso nessas coisas, mas sabes que mais? Já não parece que vou desmaiar quando vejo sangue. Agora apenas desejo vê-lo. As marcas nos meus braços, são cada vez mais e começa a ser difícil conseguir escondê-las. Porém, acho que já não estou tão preocupada com isso. Deixei de me preocupar com as coisas que me rodeiam. Nada mais é importante. Só quero morrer e… “

 

- ASHTON! O que estás a fazer? Dá-me já isso! – Valerie gritou, levantando-se repentinamente do sofá onde se encontrava sentada. Ashton, deu alguns passos para trás, devido ao susto que tinha apanhado, estava de tal maneira concentrado no que estava a ler, que nem sequer se apercebeu do momento em que a rapariga tinha despertado, e tinha visto que ele estava a ler o seu diário.

Só depois de começar a ler, é que ele reparou que estava a ler o diário de Valerie. Todas as coisas pessoais dela, que ela escrevia naquelas páginas, e que, supostamente, ninguém deveria ler. Mas ele tinha lido, apenas uma pequena parte, de entre tantas páginas que ela já tinha escrito. Ele olhou para ela, ainda de boca meio aberta, devido a estar ainda deveras chocado pelas palavras que ela tinha ali escritas. Era tão estranho ler aquilo, ler coisas que pareciam apenas fazer parte de livros de histórias fictícias, em que as personagens se cortavam, tinham vidas infelizes e queriam morrer. Mas aquilo não era um livro qualquer, feito de personagens inventadas por alguém. Era real, era a vida de Valerie, a rapariga que estava agora à sua frente, a gritar coisas que ele nem sequer estava a prestar atenção.

Ela já tinha pegado o diário de volta, abraçava-o como se tivesse medo que mais alguém o fosse ler.

- Eu… - começou o rapaz a falar, quando finalmente, conseguiu dizer algo.

- Tu o quê? Gostavas que te fizessem o mesmo? – ela cuspiu as palavras na direcção dele, as suas bochechas estavam mais coradas que o normal, tal era a raiva que emanava do seu corpo. – Gostavas que lessem as tuas coisas? Coisas que apenas escreveste para ti? – continuou a gritar.

- Eu não sabia que isso era… - ele tentou defender-se, mas Valeria nunca o deixava terminar as frases que ele começava.

- Mesmo assim, continuaste a ler, mesmo quando percebeste o que era!

- Valerie,  tem calma. – proferiu Ashton por entre um suspiro. – Não é nada demais…

- Não é nada demais? É a minha vida e tu não tinhas o direito de ler! – gritou uma vez mais.

A atenção para ambos, foi chamada, quando todos os rostos presentes naquela divisão se focaram neles e na discussão que estavam a ter.

- O que é que se passa? – uma enfermeira perguntou, quando de forma rápida se aproximou dos dois.

- Nada. – disse Ashton, sem saber o que mais dizer. Nada do que dissesse ia fazer com que Valerie parasse de o atacar, como se ele tivesse cometido um crime. Tudo bem que ele não devia ter lido o diário, não tinha sido correto da parte dele, mas ele não tinha mesmo percebido que era um diário. Não até pegar nele e começar a ler aquelas palavras. Depois de começar a ler, ele não se conseguiu impedir de o continuar a fazer. No entanto, se tivesse desde o início conhecimento de que era o diário de Valerie, ele nunca teria pegado nele.

Abanou a cabeça, quando Valerie continuou com as acusações, ignorando a enfermeira que estava a tentar falar com ela, pedindo-lhe para se acalmar.

- Já chega. – a mulher mais velha disse, com um longo suspiro a abandonar os seus finos lábios.

- Desculpa… - murmurou Ashton, com um olhar triste, dirigido para a rapariga, quando a enfermeira se viu obrigada a chamar um dos enfermeiros, para ajudá-la a tirar a rapariga dali. Parecia ter ficado possuída pelo diabo, e Ashton já nem sabia se estava a pedir desculpa por ter lido o seu diário, ou a pedir desculpa por terem de a levar para fora dali daquela forma.

 

Eu não era para publicar capítulo hoje, já que ainda na segunda publiquei, mas pronto... apeteceu-me! Para além disso já tenho esta história bastante adiantada e estou neste momento na parte que eu estava ansiosa de escrever desde que comecei esta história e então como é algo que eu queria muito escrever, acho que vou conseguir escrever bastantes capítulos estes dias. E espero em breve acabar de escrever esta história que estou desejosa de começar a escrever uma nova.

Bem, que acharam deste capítulo? Parece que todos os progressos entre os dois foram por água abaixo...

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