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More than words.

More than words.

Recovery - 12

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Quando Ashton voltava para o seu quarto, ainda naquele dia, ele começou a ver uma enorme agitação pelos corredores daquele lugar. Estava confuso e sem entender o que se estava a passar, e foi por isso que decidiu abordar uma das enfermeiras que passava por ali.

- O que é que aconteceu? – ele perguntou, à mulher que andava de forma apressada. Ela apenas parou por uns segundos, os suficientes para lhe responder.

- Uma paciente tentou suicidar-se. – foi a sua resposta, e logo na cabeça de Ashton surgiu uma imagem de Valerie e do que ele tinha lido no diário dela. Ele engoliu em seco, tendo quase a certeza de que tinha sido ela.

Deu por si a andar de forma mais apressada pelo corredor, ou melhor, quase a correr pelo mesmo. Decidiu seguir a enfermeira que tinha abordado à pouco e portanto, foi com toda a atenção que seguiu atrás dela.

A mulher apenas parou de andar, quando chegaram junto de uma das casas de banho daquele edifício, Ashton pouco conseguia ver, devido à grande quantidade de enfermeiros que estavam ali. No entanto, os seus olhos logo se focaram na maca que saiu do interior da casa de banho, ele não conseguia ver muito, mas uns longos cabelos loiros surgiram no seu campo de visão, e foi nesse preciso momento que ele ficou a ter a certeza de que era Valerie.

Ele engoliu em seco e acabou por se apoiar contra uma das paredes, pois teve uma breve sensação de ter perdido as suas forças. Custava-lhe ver aquilo, custava-lhe perceber que a rapariga continuava com a ideia de querer morrer e custava-lhe ainda mais ver que ela tinha conseguido, ou quase conseguido, levar isso até ao fim. Ali estava ela, numa maca, sendo levada para o hospital. Provavelmente estava entre a vida e a morte. Provavelmente ia morrer, tal como ela tanto desejava.

O rapaz abanou a cabeça, sentindo-se ligeiramente culpado pelo sucedido. Se ele tivesse dito que a ajudava a fugir deste hospital, talvez ela não tivesse feito aquilo. Ele tinha a certeza que ela não teria feito. Porém, ele tinha-lhe tirado toda a esperança quando se recusou a ajudá-la.

Os seus olhos seguiram a maca que os enfermeiros começaram a empurrar ao longo do corredor. As vozes de todas aquelas pessoas preenchiam a sua mente, vozes vindas de todo o lugar, palavras dispersas que ele não prestava qualquer atenção.

 

A droga que eu consumia deixava-me tão bem. Era uma sensação tão boa quando eu estava sob o efeito da mesma, sentia-me tão bem, tão leve, sentia que não existiam problemas no mundo e muito menos problemas que me envolviam a mim. Era como se naqueles momentos, tudo se resolvesse e eu me sentisse completamente feliz. Desejava poder ficar naquele estado para sempre. Aquilo era tão bom mas fazia tanto mal. Porquê?

Aquele vício consumia-me e apoderava-se cada vez mais do meu corpo. Eu não conseguia viver sem as drogas, por muito mau que fosse dizer isso. Mas que podia eu fazer?

Adam estava ao meu lado, como estava sempre naqueles momentos, era o meu amigo e companheiro naquelas alturas de menos lucidez. Sabia que nunca estaria sozinho, pois ambos estávamos lá, um para o outro. Até neste momento, em que me estavam a levar para o hospital. Ouvia as vozes dos enfermeiros mas não conseguia memorizar nada do que eles estavam a dizer. Pelo que parecia, eu tinha consumido demais desta vez, tinha sido quase fatal, consegui ouvir alguém dizer isso. Também diziam que eu tinha sorte por ainda estar a respirar, mas isso seria mesmo uma sorte? Eu gostava muito de viver, mas por vezes, até isso se tornava insuportável.

A droga desta vez tinha levado a melhor sobre mim, mas eu sabia, que da próxima vez, quem teria o total controlo sobre ela seria eu.

Valerie abriu os olhos e viu-se numa cama diferente daquela à qual estava habituada. No entanto, foram apenas precisos alguns segundos para ela começar a recordar-se de tudo o que tinha acontecido. Lembrou-se da sua ida à casa de banho, do seu olhar no espelho, dos comprimidos que tinha ingerido de uma só vez. Lembrava-se de ter caído no chão, sem forças e lembrava-se do momento, em que aos poucos, tinha ido perdendo a consciência.

Suspirou pesadamente, quando se apercebeu de que mais uma vez não tinha resultado. Ela continuava viva, ao contrário do que queria.

- Ainda bem que já acordaste. – os olhos da rapariga seguiram o som daquela voz, e ele viu ao seu lado uma enfermeira, com um sorriso presente nos lábios.

- Quando vou embora daqui? – a rapariga perguntou. Não queria ficar no hospital, preferia antes estar no hospital psiquiátrico do que naquele. Apesar de que se pudesse escolher, ela queria ir para sua casa, mas isso não estava entre as opções disponíveis. Ela passou a língua pelos seus lábios secos e gretados, e focou os seus olhos na enfermeira que estava ainda ali.

- Provavelmente hoje ao fim do dia já tens alta. – a mulher disse.

- Há quanto tempo estou aqui?

- Há dois dias. – a mulher mexeu num dos tubos que estavam ligados a Valerie e depois escreveu algo numa folha. – Qualquer coisa que precises, basta tocares naquele botão. – ela apontou para o mesmo. – Daqui a pouco um médico vem aqui, para ver como estás, e talvez dar-te a alta. – ela esboçou de novo um pequeno sorriso e depois de se despedir de Valerie, deixou a rapariga sozinha no quarto.

Valerie fitou as paredes brancas que estavam à sua frente. Nunca nada corria como ela queria. Era sempre tudo ao contrário, como se o que ela quisesse não tivesse nunca qualquer tipo de valor. Ela queria que aqueles comprimidos tivessem feito o efeito que ela desejava, deviam ter feito. Eram muitos e a rapariga teve quase a certeza que seriam os suficientes para pôr fim à sua vida. Mas estava enganada, mais uma vez alguém a tinha encontrado a tempo de ainda a salvar.

Os seus pais nem sequer ali tinham vindo, quer dizer, ela não sabia disso, visto ter passado dois dias inconsciente. Talvez eles tivessem estado ali, quando ela não estava acordada. Ela não sabia, mas também não estava muito interessada em saber. Era melhor assim, era melhor que todas as pessoas ficassem longe dela, assim um dia, quando ela conseguisse acabar com a sua vida, ninguém iria sentir a sua falta.

 

“ 04 de Outubro, 2014

Gritei e chorei tanto que os nossos pais se viram obrigados a deixarem-me ir com eles para o hospital, para onde te tinham levado depois do acidente. Quando entrámos naquele lugar, eu comecei a chorar ainda mais, pois tudo começou a parecer mais real. Kenna, uma das nossas amigas e que estava contigo naquela noite, encontrava-se lá, estava também a chorar, encostada contra uma parede, sozinha. Os nossos pais foram ter com ela, e eu limitei-me a segui-los. Tudo o que eu fazia agora, era de forma automática, parecia que o meu corpo tinha sido abandonado, parecia que eu estava noutro lugar e agora o meu corpo apenas se limitava a fazer o que tinha de ser feito.

Eu queria saber o que tinha acontecido contigo, e não tardou até que descobrisse. Pelo que Kenna contou, vocês tinham estado parte daquela noite num bar, apenas a ouvir música e a conversar sobre coisas banais. Não tinham bebido álcool, tinham-se deixado ficar apenas pelos sumos. Já era muito tarde quando saíram do interior do mesmo, as ruas estavam iluminadas pelos candeeiros e pelas placas reluzentes dos vários bares ali existentes. Vocês riam-se das piadas que iam contando, e estavam tão absorvidas nisso, que quando olhas-te para o lado já era tarde demais. Um carro vinha a toda a velocidade, completamente descontrolado, subiu o passeio e levou-te na frente. Kenna não sabia dizer muito mais, pois naquele momento tinha ficado em completo estado de choque. Só se lembra do barulho de quando a polícia e a ambulância chegaram. Tudo se tinha tornado uma confusão. Os gritos eram imensos e era a única coisa que ela conseguia ouvir.

Mais tarde, ainda naquela noite, ficamos a saber que quem conduzia aquele carro, estava sob o efeito de drogas, pois era essa a única explicação possível para esse acidente sem qualquer sentido. Senti raiva pelas pessoas que estavam no interior daquele carro. Senti raiva pela irresponsabilidade que tiveram naquela noite. Senti raiva porque te mataram. Senti raiva porque queria estar no teu lugar e não conseguia.”

 

 Aqui está o capítulo em que ficam a saber o que aconteceu com a Ivy! Não sei se estavam à espera de algo assim ou não.

Bem, eu ontem acabei de escrever esta história, e nem imaginam como estou contente por isso! Terá um total de 27 capítulos, mais o epílogo portanto ainda falta bastante para chegar ao fim e ainda muitas coisas irão acontecer! Agora vou começar a dedicar-me à minha ideia para a nova história que vou escrever!

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