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More than words.

More than words.

Recovery - 20

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As lágrimas continuaram a cair pelo rosto de Valerie mesmo quando eles apanharam um táxi de volta para casa e quando chegaram à mesma, estas ainda não tinham parado. Ela não sabia como iria fazê-las parar de cair e Ashton julgava já ter esgotado todas as palavras possíveis para a tentar consolar.

Entraram na casa vazia e demasiado silenciosa e apenas pararam de andar quando chegaram ao quarto que partilhavam um com o outro. Valerie sentou-se sobre a cama, focando o seu olhar num ponto qualquer à sua frente e alheando-se dessa forma de tudo o que a rodeava.

- Valerie… - Ashton atreveu-se a falar mas tal como estava à espera não recebeu qualquer resposta por parte dela.

Ainda pensou em sentar-se ao lado dela e dizer-lhe mais umas quantas palavras de apoio mas ele sabia que essas palavras não iriam mudar nada.

- Quero morrer. – a voz da jovem loira fez-se ouvir ao fim de algum tempo em silêncio.

Ashton apressou-se a sentar-se ao lado dela na cama e a virar o seu rosto na direcção do dele.

- Não digas isso, Valerie. Tu prometeste-me.

- Não sei se vou conseguir cumprir essa promessa. – as suas palavras saiam baixas e num tom de voz cansado devido a todo o tempo que ela já tinha passado a chorar.

- Vais sim, eu sei que vais. – os lábios de Ashton embateram na bochecha dela, depositando assim um pequeno beijo na mesma.

De forma repentina uma ideia atravessou o pensamento de Ashton.

- Já sei o que fazer para esqueceres isso. Eu já volto. – assim que disse aquilo ele viu Valerie a olhar para ela, mas nem lhe deu tempo de dizer algo pois rapidamente saio para fora daquele quarto.

 

“ 02 de Março, 2015

Nada mais faz sentido. Eu quero desaparecer e não consigo.”

 

Ashton andou pelos corredores até entrar na pequena cozinha daquela casa, foi abrindo todos os armários sempre na esperança de que num deles estaria aquilo que ele queria. Os cantos dos seus lábios elevaram-se num sorriso ao fim de pouco tempo e ele retirou do armário uma garrafa de whisky, porém quando se preparava para voltar a fechar aquele armário, decidiu pegar noutra e levar assim as duas garrafas daquela bebida com ele. Ele sabia que não era correto porem-se a beber bebidas alcoólicas mas uma vez não faria mal. E Valerie precisava urgentemente de esvaziar a sua cabeça daqueles pensamentos que apenas serviam para deixar a rapariga ainda pior do que ela já estava.

O rapaz voltou de novo para o quarto encontrando Valerie ainda no mesmo lugar onde estava quando ele saiu dali.

- Anda aqui. – ele chamou-a depois de se sentar no chão com as costas encostadas contra a cama.

A rapariga ficou ainda algum tempo a olhar para ele até por fim se levantar e se sentar no chão ao lado de Ashton. Ele passou-lhe uma das garrafas de whisky para as mãos.

- Bebe, estás mesmo a precisar.

Os olhos de Valerie repousaram na garrafa durante uns segundos, porém no instante seguinte já ela estava a rodar a tampa e a retirá-la da garrafa. Os seus lábios encontraram o gargalo da mesma e ela apressou-se a beber um gole daquela bebida. Uma careta tomou conta das suas feições quando o líquido lhe passou pela garganta.

Ashton sorriu e imitou o que a rapariga fez, bebendo um pouco da sua bebida também. Já sentia saudades daquilo, na verdade, contudo ele tinha tentando prometer a si mesmo que seria uma vez sem exemplo.

 

As lágrimas de Valerie tinham agora sido substituídas por altas gargalhadas e a preocupação de Ashton substituída por uma súbita felicidade. A bebida fazia já o seu efeito, deixando os dois jovens num enorme estado de embriagues.

- Devias ter pensando nisto mais cedo, Ashton.

- Mais vale tarde do que nunca. – ele respondeu e aquilo apenas serviu para que ambos se começassem a rir como se não houvesse amanhã e como se o que o rapaz tivesse dito uma enorme piada.

Valerie levantou a sua cabeça que estava encostada ao ombro de Ashton e deixou que os seus olhos fossem de encontro ao rosto dele. Ele era tão bonito, tinha umas feições tão queridas que só lhe dava vontade de apertar aquelas bochechas. Os seus olhos verdes eram também muito bonitos, tão bonitos que Valerie deu por si a achar que se poderia perder naquele olhar. Os seus cabelos claros completavam tudo o resto.

A rapariga nem sequer teve tempo para apreciar mais da beleza dele porque no momento seguinte já os lábios de Ashton se encontravam sobre os dela. Ela retribuiu o beijo, tornando-o deveras desesperado. O rapaz puxou-a mais para si, até ela ficar sentada no colo dele com uma perna de cada lado do seu corpo. Os lábios de Ashton moviam-se de forma urgente contra os de Valerie como se ele quisesse naquele beijo recuperar algo que se havia perdido à muito tempo. Ou como se estivesse a tentar, mesmo sem qualquer intenção, mostrar-lhe uma das coisas pelas quais valia a pena viver.

 

“ 15 de Março, 2015

Ultimamente passo mais tempo no hospital do que em casa e eu não quero. Não quero estar nem num lugar nem no outro. Não quero, Ivy. Apenas quero que todos me deixem em paz e me deixem morrer de uma vez por todas. Porque é que não deixam? Porque é que insistem em manter-me viva? Porque é que insistem em manter viva uma pessoa que por dentro já se encontra completamente morta?

Porque é que não me deixam?

Porque é que esta dor não acaba nunca mais?

Porque é que o que eu quero não importa?

Porque é que não posso decidir a minha vida por mim?

Porque é que é tão difícil?

Porquê? ”

 

 

Ashton acordou sentindo umas enormes dores a atravessarem-lhe as costas. Uma careta formou-se no seu rosto devido ao facto de para além das dores nas costas ele tinha ainda de suportar as dores de cabeça que eram mais fortes do que ele se lembrava. Ele sentou-se no chão, onde outrora estava deitado e o seu olhar repousou sobre Valerie que estava também a dormir deitada no chão mesmo ao lado dele. Imagens da noite anterior passaram-lhe pela cabeça, imagens dos beijos que eles tinham dado, e que não tinham sido poucos. Os beijos tinham-se prolongado até que ambos acabaram por adormecer no chão daquele quarto. Tudo estava muito nítido na cabeça do rapaz que mordeu ligeiramente o seu lábio inferior ao recordar todas aquelas coisas.

- Ashton? – a voz de Valerie fê-lo despertar daqueles pensamentos ao fim de algum tempo.

- Hm? – ele proferiu ao mesmo tempo que esfregava os olhos numa tentativa de afastar o sono, e ele desejava também afastar aquelas dores de cabeça, porém o rapaz sabia que isso não seria assim tão simples.

- Doí-me tanto a cabeça. – a rapariga disse num resmungo baixo e depois sentou-se também. Deixou que o seu corpo se encostasse contra a cama e apoiou a cabeça na mesma, como se não conseguisse aguentar esta sem se encostar a algo. – O que andamos a fazer ontem? – ela perguntou quando virou o seu rosto na direcção de Ashton.

Ele juntou as sobrancelhas, mordeu o interior da bochecha e focou também o seu olhar nela.

- Não te lembras? – questionou, apesar de praticamente já estar certo na resposta que iria receber por parte dela. Se se lembrasse não estaria a fazer aquela pergunta, obviamente.

Ela abanou de forma negativa a cabeça.

Não… O que é que fizemos? – voltou a perguntar, como se estivesse curiosa com a resposta àquela pergunta.

- Oh, nada demais. – Ashton tentou sorrir um pouco e de seguida levantou-se do chão. Fechou os olhos por momentos, quando as dores de cabeça pareceram tornar-se mais fortes.

Aquela resposta e a expressão do rapaz não tinham convencido Valerie por completo e por isso mesmo ela tentou forçar a sua cabeça a recordar-se de alguma coisa da noite anterior, porém ao fim de uns minutos ela acabou por desistir, visto que nada lhe surgia.

- Vou buscar comprimidos para as dores de cabeça. Ou tentar encontrá-los. – disse Ashton antes de sair para fora daquela divisão.

Quando Valerie ficou sozinha ela levantou-se e deixou o seu corpo sentar-se na cama, muito mais macia e confortável do que o chão onde ela tinha passado a noite. Ela tentou novamente recordar-se da noite passada. Sabia que tinham estado a beber, claro que se lembrava porém a seguir disso a sua cabeça parecia estar completamente vazia. Ela fechou os olhos, como se isso tornasse tudo mais fácil, e quando estava prestes a desistir foi como se uma luz se acendesse na sua cabeça e uma carrada de imagens começou a surgir mesmo em frente dos seus olhos.

Os lábios de Ashton a moverem-se contra os seus, nuns momentos de forma calma e nos outros de forma mais desesperada. Os dedos dele entrelaçados nos seus cabelos claros. As suas mãos a percorrerem o corpo de Valerie. Ela abriu os olhos de forma repentina como se isso afastasse todas aquelas imagens da sua cabeça, porém estas continuavam lá.

- Está tudo bem? – perguntou Ashton quando abriu a porta do quarto e viu Valerie com uma expressão demasiado estranha estampada no seu rosto.

- Sim, claro que sim. – ela respondeu de forma apressada ao mesmo tempo que assentia com a cabeça. Mordeu o lábio decidida a não dizer a Ashton que se tinha lembrado da noite anterior, pois sentia que era melhor se ele continuasse a pensar que ela não se lembrava de nada. E ele lembrava-se, ela tinha a certeza que sim. Por isso é que aquele “nada demais” tinha soado demasiado estranho para ela. – Encontraste os comprimidos? – ela perguntou, de forma desnecessária pois já tinha visto estes na mão do rapaz.

Ele assentiu e estendeu-lhe um dos comprimidos que tinha trazido assim com o copo cheio de água, para a ajudar a tomar o comprimido.

Um barulho fez-se ouvir de forma repentina e os dois, praticamente, deram um salto, colocando-se logo em alerta e com os olhos colocados sobre a porta que os separava do resto daquela casa. O silêncio apoderou-se do quarto assim como do resto da casa e engolindo em seco, Valerie olhou na direcção de Ashton. Podia ver os olhos dele mais abertos do que o normal, mostrando-lhe assim que ela não era a única que estava assustada.

- Desculpem o barulho! – eles ouviram gritar e de imediato se descontraíram quando perceberam que era apenas Ian que estava em casa.

- Que susto, merda. – resmungou Ashton voltando de seguida a andar pelo quarto. – O que queres fazer hoje? – ele perguntou, olhando para Valerie que já tinha tomado o comprimido e pousava agora o copo num dos móveis.

- Podemos ir até à praia? Tenho saudades de lá ir. – ela disse com um sorriso.

Ashton assentiu com a cabeça e esboço um sorriso de volta.

 

Este é o maior capítulo de toda a história, penso eu. Supostamente seriam dois capítulos, mas como eram os dois tão pequenos acabei por juntar e fazer apenas um.

Olhem estámos a sete capítulos do fim mais o epílogo e preparem-se para o próximo capítulo! 

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