Recovery - 24
Valerie apressou o seu passo não só numa tentativa de se manter o mais afastada possível de Ashton, como para sair dali o mais rápido que conseguia. As lágrimas já tinham parado de correr pelo seu rosto e neste momento apenas uma enorme raiva e ódio se apoderava dela. Sentia tanta raiva de Ashton que só queria bater-lhe e gritar-lhe na cara o quanto o odiava.
Aquelas palavras que ele tinha dito ao telefone ainda continuavam a martelar na sua cabeça, repetindo-se tantas vezes que Valerie só queria parar de pensar naquilo. Queria que aquelas palavras desaparecem e queria parar de se sentir assim. Ela odiava aquela sensação e principalmente odiava o facto de nunca conseguir estar bem. Quando as coisas já estavam más e ela pensava que não era possível piorarem, elas acabavam sempre por piorar.
Ela correu para a rua, quase se metendo à frente de um táxi que estava a passar, pois não queria perder mais tempo ali à espera de outro. Entrou no interior do mesmo e rapidamente deu a morado de Harry ao homem que conduzia aquele carro. Naquele momento o seu coração batia bem mais depressa do que era normal, por causa do que estava prestes a fazer.
Ela não podia ficar sozinha por ali, sem ninguém para a ajudar. Ela não era forte o suficiente para aguentar tudo aquilo sozinha, se tinham conseguido fugir tinha sido tudo graças a Ashton e agora que não estava mais com ele, Valerie sabia que não conseguiria ir muito mais longe sem ser apanhada. Claro que os pais estavam fora de questão, eles iriam logo a correr levá-la novamente para aquele hospital e isso era o que Valerie menos queria. Claro que poderia recorrer a qualquer um dos seus amigos, que tinha a certeza que todos estariam dispostos a ajudá-la mas ela sabia que Harry gostava mais dela do que os seus amigos e portanto a disposição dele para a ajudar era, com toda a certeza, muito maior. Ela sabia que Harry faria tudo por ela, mesmo depois da maneira estúpida como ela lhe tinha falado da última vez que se tinham visto.
O táxi parou ao fim de uns longos minutos e olhando pela janela ela vislumbrou a enorme casa onde o rapaz vivia. Há imenso tempo que já não vinha ali, nem ali nem a nenhum lugar perto dali. Aquilo fazia-a lembrar-se do quanto os seus últimos meses tinham sido horríveis.
Ela pagou ao taxista e depois saiu do carro, fechou a porta e rapidamente se apressou a caminhar até à porta de entrada da casa de Harry. Só esperava que fosse ele quem viesse abrir-lhe a porta.
Valerie tocou à mesma e de forma nervosa ficou à espera que alguém aparecesse.
- Valerie? – os olhos de Harry estavam mais arregalados que o normal e ele falou também num tom de voz mais alto do que o normal quando depois de abrir a porta os seus olhos se depararam com Valerie à entrada da sua casa.
- Harry… - ela sussurrou sentindo, novamente, as lágrimas quererem chegar aos seus olhos. Ela quebrou a curta distância que os separava um do outro e abraçou-se a Harry, apertando-o para si, como que quisesse de uma forma ou de outra sentir-se protegida nos braços do rapaz. Ela queria proteger-se do mundo que a rodeava, ela necessitava ser protegida.
- O que estás aqui a fazer, Valerie? – ele perguntou, apertando também a rapariga contra si.
Ela abriu a boca preparando-se para lhe contar tudo o que tinha acontecido, porém mesmo no último instante ela fechou-a novamente. Podia contar-lhe tudo, como tinham fugido do hospital, onde tinham estado, o que tinham feito nas semanas anteriores, podia até contar-lhe o que tinha descoberto sobre Ashton. Contudo, algo lhe dizia que era melhor seguir pelo caminho mais fácil, e portanto foi exactamente isso que ela fez.
- Eu chateei-me com o Ashton e não quero mais estar com ele. Ajuda-me, por favor. – ela pediu implorando ao mesmo tempo que se afastava ligeiramente dele para dessa forma poder olhar para os olhos castanhos do rapaz.
O contato entre os dois foi quebrado depois de Harry a puxar para o interior da casa e fechar a porta atrás de si.
- Vou levar-te ao hospital. – ele disse depois de começar a andar para uma outra divisão.
Os olhos de Valerie arregalaram-se e ela sentiu o seu coração cair-lhe aos pés depois de ouvir aquelas palavras.
- O quê? – ela perguntou esperando muito sinceramente ter ouvido mal, mesmo tendo a certeza que não tinha sido esse o caso.
- Vou levar-te de volta ao hospital, Valerie. Tu não devias ter fugido, sabes?
Ela engoliu em seco e virou-se para trás, para a porta, rodou a maçaneta da mesma porém apercebeu-se logo nesse momento de que a porta estava fechada à chave. Harry tinha-a trancado para que ela não conseguisse fugir dali.
Como é que era possível ela acabar por se enganar em relação a todas as pessoas? Como é que continuava a confiar nas pessoas, mesmo naquelas que era suposto fazerem tudo e mais alguma coisa por ela? As lágrimas começaram a correr a fio pelo seu rosto e ela só queria, mais uma vez, desaparecer. Queria morrer de uma vez. Queria que tudo acabasse. Estava farta de sofrer, era uma desilusão após a outra e ela dava por si agora a perguntar quantas desilusões uma só pessoa conseguia suportar.
- Harry! – ela começou a correr na direcção de onde ele tinha ido. Os seus olhos encontraram-se por fim com os do rapaz. – Não me faças isto, por favor. – ela pedia, com as lágrimas a cair de forma descontrolada pelas suas bochechas.
- Valerie… - Harry aproximou-se dela, colocando uma mão de cada lado do seu rosto. – Não devias ter fugido. Anda toda a gente à vossa procura, e sabes bem que não iam conseguir fugir para sempre. Tens de estar no hospital, tu sabes que não estás bem e estarás melhor lá. Agora diz-me, por favor, onde está o Ashton.
Valerie começou a abanar a cabeça de um lado para o outro e empurrou de seguida Harry da beira dela. Só queria distância dele, assim como tinha querido distância de Ashton.
- Pensei que gostavas de mim Harry. Pensei que estavas apaixonado por mim. – ela murmurou.
- E estou, e é por isso que estou a fazer isto, Valerie. – ele murmurou de igual forma.
- Não, se tu gostasses de mim a sério não me farias isto. Se gostasses de mim a sério farias tudo o que eu quisesse e não me levarias de volta para aquele inferno. Sabes o quanto é horrível estar lá? Sabes o quanto estar lá me deixa maluca? Sabes que a minha vontade de morrer enquanto estou lá só fica maior? Sabes Harry? – ela gritou estas últimas palavras e limpou de seguida as lágrimas que continuavam a cair, por muito que ela quisesse impedir isso de acontecer.
- Onde está o Ashton? – ele perguntou parecendo ignorar todas as coisas que Valerie lhe tinha dito, e isso só fazia a rapariga ficar ainda com mais raiva dele.
- Eu não te vou dizer. – ela disse de forma rude.
Harry abanou a cabeça e de seguida segurou num dos braços de Valerie, começando a puxá-la com ele para a rua. Valerie tentou protestar, dizer que ele a estava a magoar, implorar-lhe mais uma vez para ele não fazer aquilo, porém nada do que ela dizia parecia detê-lo. Harry estava determinado a levá-la novamente para o hospital e Valerie só sabia que naquele momento o estava a odiar.
Quando a porta foi aberta, Valerie viu estacionado na rua um carro que não estava lá antes e dentro do mesmo estavam algumas pessoas. Ela engoliu em seco quando percebeu que Harry tinha ligado para alguém a dizer que ela estava ali.
O seu olhar foi de seguida dirigido para o passeio que ladeava aquela estrada quando viu uma figura surgir ao fundo do mesmo. Os seus olhos depararam-se com Ashton que devia estar escondido num qualquer lugar até ela aparecer no seu campo de visão. Valerie queria gritar-lhe para ele fugir, mas era já tarde demais, pois no instante seguinte alguém surgiu por trás do rapaz loiro, segurando-o e não o deixando escapar.
“ 04 de Maio, 2015
Os meus amigos estão todos a começar a ficar estranhos… ou melhor, eles dizem que eu é que estou estranha e talvez eles tenham razão. Recuso-me a passar tempo com eles, cada vez me afasto mais e, por mais que eu tente explicar-lhes eles não conseguem entender os meus motivos para me estar a afastar. Eles não percebem que me afasto por gostar demasiado deles. Se me afastar tenho a certeza que depois não irá custar tanto quando tiver de os perder. Tu entendes-me?”
E pronto... as coisas continuam a correr mal...
Olhem não sei o que dizer, neste momento estou de férias e neste momento já estou cheia de saudades do meu computador!
Tenham um bom resto de semana, dia 31 eu volto a publicar!
Olhem não se esqueçam que isto está a chegar ao fim, já só faltam mais 3 capítulos mais o epílogo e omg, estou ansiosa que acabe.
E surpresa: quando voltar das férias vou publicar (no wattpad apenas) a sinopse da minha história nova!
Beijinhos.